quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Outubro Rosa

Outubro Rosa é o mês (de 1 a 31 de outubro) dedicado à prevenção do câncer de mama.
Comemorada em todo o mundo, a iniciativa começou nos EUA, quando durante esse mês várias ações de combate ao câncer de mama (mamografias e eventos) eram realizadas em vários estados daquele país.
Após alguns anos dedicando esse mês ao conhecimento, prevenção e tratamento da doença, o congresso nacional dos EUA determinou que outubro fosse o mês nacional de prevenção do câncer de mama, sendo esse o seu objetivo.
A partir de então, mundialmente em outubro, vários hospitais, clínicas e institutos facilitam o acesso aos exames de diagnósticos oncológicos.
No Brasil, a iluminação de monumentos em tons de rosa, tais como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e o Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, são mais uma ação de conscientização da campanha.
outubro rosa
Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, iluminado com a cor rosa pra 
lembrar sobre a prevenção ao câncer de mama

Símbolo do Câncer de Mama

A cor rosa se une ao mês pelo fato de o laço cor-de-rosa ser o símbolo oficial contra esse tipo de câncer que acomete, na sua grande maioria, mulheres. A escolha da cor deve-se justamente a esse fato, uma vez que é a principal cor a expressar feminilidade.
laço outubro rosa

Frases sobre a prevenção do câncer de mama

“PREVENIR é um ato de AMOR…
com você, com seu corpo e com todos que te amam” (Priscilla Rodghiero)
“Câncer tem cura. Entre de peito nessa luta!” (fraseado)
“As Mulheres mais poderosas do mundo aderiram à Campanha "Outubro Rosa"! Mês que simboliza a Luta pela Conscientização e Prevenção do Câncer de Mama.
Participe você também, fazendo seus exames de mamografia e consultando seu médico! Sua saúde é seu maior BEM!” (duelove)

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

SETEMBRO AMARELO



O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. No Brasil, foi criado em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida)CFM (Conselho Federal de Medicina) ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), com a proposta de associar à cor ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro).
A ideia é pintar, iluminar e estampar o amarelo nas mais diversas resoluções, garantindo mais visibilidade à causa. 

Ao longo dos últimos anos, escolas, universidades, entidades do setor público e privado e a população de forma geral se envolveram neste movimento que vai de norte a sul do Brasil. Monumentos como o Cristo Redentor (RJ), o Congresso Nacional e o Palácio do Itamaray (DF), o Estádio Beira Rio (RS) e o Elevador Lacerda (BA), para citar apenas alguns, e até mesmo times de futebol, como o Santos FC, Flamengo e Vitória da Bahia, participam da campanha. 
Mas todos podem ser divulgadores desta importante causa. Ações na rua, caminhadas, passeios ciclísticos, roupas amarelas ou simplesmente o uso do laço no peito já despertam atenção e contribuem para a conscientização.
Nove em cada dez mortes por suicídio podem ser evitadas. O dado, da Organização Mundial da Saúde (OMS), indica que a prevenção é fundamental para reverter essa situação, garantindo ajuda e atenção adequadas.
A primeira medida preventiva é a educação. É preciso perder o medo de se falar sobre o assunto. O caminho é quebrar tabus e compartilhar informações. Esclarecer, conscientizar, estimular o diálogo e abrir espaço para campanhas contribuem para tirar o assunto da invisibilidade e, assim, mudar essa realidade. 
Hoje, 32 brasileiros se suicidam diariamente. No mundo, ocorre uma morte a cada 40 segundos. Aproximadamente 1 milhão de pessoas se matam a cada ano. Sabe-se que os números são muito maiores, pois a subnotificação é reconhecida. Além disso, os especialistas estimam que o total de tentativas supere o de suicídios em pelo menos dez vezes.  
Mas como buscar ajuda se muitas vezes a pessoa sequer sabe que pode receber apoio e que o que ela sente naquele momento é mais comum do que se divulga? Ao mesmo tempo, como é possível oferecer ajuda a um amigo ou familiar se também não sabemos identificar os sinais e muito menos temos familiaridade com a abordagem mais adequada?
É fato que o suicídio é um fenômeno complexo, de múltiplas determinações, mas saber reconhecer os sinais de alerta pode ser o primeiro e mais importante passo.
"Isolamento, mudanças marcantes de hábitos, perda de interesse por atividades de que gostava, descuido com aparência, piora do desempenho na escola ou no trabalho, alterações no sono e no apetite, frases como “preferia estar morto” ou “quero desaparecer” podem indicar necessidade de ajuda."
Faça parte desta causa! E não se esqueça:
"A campanha é em setembro, mas falar sobre prevenção do suicídio em todos os meses do ano é fundamental!"

"Alunos de escolas estaduais do Paraná terão aulas de empreendedorismo a partir de 2020" .

"A partir de 2020, escolas estaduais do Paraná começarão a implantar a disciplina de empreendedorismo para alunos a partir do sexto ano do ensino fundamental. De acordo com a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed), a nova matéria contempla competências previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e no Referencial Curricular do Paraná, que estabelecem o conjunto de aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver ao longo da educação básica.



Lançada em 2017, a BNCC estabelece 10 competências que devem ser contempladas no ensino básico por escolas públicas e privadas: conhecimento; pensamento científico, crítico e criativo; repertório cultural; comunicação; cultura digital; trabalho e projeto de vida; argumentação; autoconhecimento e autocuidado; empatia e cooperação; e responsabilidade e cidadania."
"O Referencial Curricular do Paraná é um documento estadual construído em 2018 a partir das premissas do BNCC e que estabelece o que o estudante tem de aprender em cada disciplina, da educação infantil ao nono ano do ensino fundamental.

“Quando se fala em empreendedorismo não é só ser dono de um negócio: é ser empreendedor na vida”, diz Raph Gomes, diretor de Educação da Seed. “Ter uma postura empreendedora é aprender a ser protagonista, não só um sujeito passivo”, explica.

A adequação do currículo às diretrizes prevê ainda aulas de programação e robótica e a inclusão de conteúdos de educação financeira, em uma parceria com o Banco Central (BC). “São competências fundamentais para o mundo contemporâneo”, diz Mary Lane Hutner, chefe do Departamento de Educação Básica da Seed. “As mudanças no mundo exigem que a escola repense e crie formas de contemplar essas habilidades.”

O planejamento da disciplina passa por fases de análise de experiências nacionais e internacionais. Currículos de Portugual e Austrália, por exemplo, foram estudados por técnicos da secretaria, que adaptam o conteúdo ao contexto local. “Um aspecto muito próprio do estado do Paraná é a questão do cooperativismo, que será uma habilidade a ser desenvolvida dentro da disciplina”, ressalta Gomes."
"Disciplina começa em 47 escolas de período integral
Inicialmente, terão a nova disciplina as 47 escolas, de diversas regiões do estado, que dispõem de ensino integral para o nível fundamental .

Nessas instituições, em vez de 25, os alunos têm 45 aulas semanais. “Até agora, essas 20 aulas adicionais em relação aos colégios de período parcial são preenchidas com conteúdo da matriz curricular tradicional” explica Gomes. A partir de 2020, duas aulas semanais serão destinadas à disciplina de empreendedorismo – não haverá, portanto, substituição de aulas tradicionais pelas da nova matéria.

É possível que mais escolas adotem o novo conteúdo, uma vez que a Seed estuda ampliar a quantidade de escolas com atendimento integral até o ano que vem. “Temos outras 40 que demonstraram interesse e agora estamos em uma fase de análise para ver quantas dessas terão condições”, diz o diretor da secretaria.

A partir dos resultados verificados nas escolas piloto, a Seed estudará a melhor maneira de estender a inclusão da disciplina para as escolas de meio-período, o que deve ocorrer nos próximos anos.

Gomes acrescenta que a função da escola vai além do repasse de conteúdo. “A gente tem uma responsabilidade de desenvolver no estudante o conteúdo cognitivo, o que foi socialmente construído ao longo dos anos – como o conhecimento matemático, histórico e assim por diante –, mas também de desenvolver a pessoa para que ela possa ser um cidadão de direito”, diz. “Que ela tenha autonomia para tomar decisões.”

"A Seed já tem experiência com o empreendedorismo em sala de aula, porém de forma eletiva. Em 64 escolas do estado, o tema é ensinado aos alunos no contraturno em um programa em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Nesses horários, os estudantes são motivados a pensar em soluções para problemas encontrados em sala, na comunidade ou na vida pessoal. “Em Assaí, um aluno desenvolveu uma cadeira de rodas com comando de voz, pensando em uma pessoa da comunidade que tinha dificuldades para se locomover”, conta Gomes."

FONTE:https://www.gazetadopovo.com.br/parana/empreendedorismo-escolas-estaduais-pr/

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

"A primeira infância em primeiro: por que focar os investimentos nessa fase é mais inteligente"

"Cerca de um quarto da população brasileira vive abaixo da linha da pobreza – ou seja, tem renda domiciliar por pessoa inferior a R$ 406 mensais. São 54,8 milhões de brasileiros vivendo nessas condições. Os dados dão da Síntese de Indicadores Sociais de 2018, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa miséria fica ainda mais gritante se colocada lado a lado com o topo da lista de mais ricos do Brasil: segundo um levantamento de 2017 da ONG Oxfam, as seis pessoas mais ricas do país concentram a mesma riqueza que as 100 milhões mais pobres – ou seja, quase metade (48,3%) da nossa população.

Nobel de Economia defende que problemas como criminalidade, desigualdade acentuada e condições de saúde adversas têm origem na falta de atenção à primeira infância.


O combate à desigualdade costuma estar associado a políticas de redistribuição de renda, uma pauta tipicamente de esquerda. Eficientes sob alguns aspectos, políticas como essa são, no entanto, insuficientes: uma solução mais consistente e duradoura para o problema da miséria passa pela questão do aumento da geração de riqueza, uma seara cuja responsabilidade principal não é do Estado, mas do setor privado. O preenchimento de vagas de empregos e a opção pelo empreendedorismo, porém, dependem de um fator fundamental e comumente subestimado: o desenvolvimento de habilidades que tornem tanto o caminho de um bom emprego quanto o do sucesso no empreendedorismo uma possibilidade real."

"Foi o que percebeu o economista James Heckman, professor da Universidade de Chicago e Nobel de Economia em 2000. “Uma das principais fontes da desigualdade nos Estados Unidos hoje é o acidente do nascimento. A sociedade norte-americana é dividida entre habilidosos e não-habilidosos, e a raiz dessa divisão está nas experiências da primeira infância”, diz ele no livro Giving Kids a Fair Chance [Dando às crianças uma oportunidade justa], publicado em 2013.

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A tese de Heckman é que não apenas a desigualdade acentuada, mas outros problemas como a criminalidade, a gravidez na adolescência e condições de saúde adversas, têm a sua raiz em falhas no desenvolvimento cognitivo e não-cognitivo que vêm desde a infância. Trocando em miúdos: a redistribuição não resolve o problema se a desigualdade persiste nas próprias condições em que nascemos; o apelo à meritocracia também não, se a largada é diferente para uns e para outros.

Um foco inteligente

O economista complementa esse foco na primeira infância com um argumento difícil de contrariar: direcionar recursos para promover o desenvolvimento da criança nessa fase da vida não é apenas mais eficaz, como é mais barato – e aqui a comparação não é com o ensino superior, mas com intervenções tardias como programas de reabilitação, alfabetização de adultos, educação profissional, etc.

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Segundo os estudos de Heckman, cada dólar investido na primeira infância de uma criança é capaz de trazer um retorno anual de 14 centavos durante toda a sua vida. “É um dos melhores investimentos que se podem fazer — melhor, mais eficiente e mais seguro do que apostar no mercado de ações norte-americano”, defendeu ele em uma entrevista a Monica Weinberg, da Veja, em 2017."

"Quanto mais a sociedade demora para amparar o desenvolvimento de uma criança que vive em condições de vulnerabilidade, maior se torna a desigualdade entre aqueles que têm mais habilidades e aqueles que têm menos. Ao mesmo tempo, mais caro se torna remediar os possíveis impactos das lacunas em sua formação. Inversamente, intervenções mais precoces favorecem a eficácia de intervenções futuras. Como Heckman gosta de repetir, “habilidades geram habilidades”.

Por “habilidades”, aqui, entenda-se um amplo espectro de competências cognitivas e não-cognitivas. As não-cognitivas — motivação, atenção, persistência, sociabilidade, etc. – podem ser resumidas em uma palavra: caráter. Embora as habilidades cognitivas, medidas pelo quociente intelectual (QI), sejam importantes, o caráter é para Heckman ainda mais importante para gerar resultados melhores na vida – e mais maleável. “O caráter é uma habilidade, não um traço de personalidade. Pode ser melhorado, e há formas testadas e efetivas de fazer isso”, afirma o economista no artigo Fostering and Measuring Skills: Interventions that Improve Character and Cognition (“Aprimorando e medindo habilidades: intervenções que melhora o caráter e a cognição”), coescrito com Tim Kautz em 2013.


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Medindo o impacto

Heckman chegou a essas conclusões depois de analisar os resultados de dois programas de atenção à primeira infância. O Perry Preschool Program foi aplicado a 58 crianças negras de baixa renda que tinham 3 anos de idade no início do projeto. O programa consistia de duas horas e meia de atividades para as crianças por dia, cinco dias por semana, e uma visita semanal de uma hora e meia do educador à casa da família, tudo isso durante dois anos. O índice médio de crianças para cada educador era de 6 para 1. Isso aconteceu entre 1962 e 1967 e tanto esse grupo de crianças quanto um grupo de controle composto por 65 crianças com as mesmas características foram acompanhados até os 40 anos de idade."

"Inicialmente, as conclusões do projeto pareceram negativas: embora o QI dos participantes aumentasse muito em relação ao grupo de controle durante os anos de aplicação do programa, os índices voltavam a se nivelar por volta dos 9 anos de idade. A sacada de Heckman foi olhar não para o QI, mas para outros fatores. Foi aí que ele viu a diferença.

Aos 40 anos de idade, apenas 7% dos membros do grupo de controle ganhavam US$ 2 mil dólares ou mais por mês. No grupo que participou do programa, eram 29%. A diferença também era significativa em relação a ter casa própria (36% contra 13%), a concluir o ensino médio (77% contra 60%), a ter uma performance acadêmica satisfatória aos 14 anos de idade (49% contra 15%) e a ter filhos fora do casamento (57% contra 83%). Heckman viu que esses resultados estavam associados ao desenvolvimento de habilidades socio emocionais."

"Você pode estar se perguntando que tipo de currículo milagroso foi capaz de alcançar esses resultados. E aí é que vem a parte mais interessante da história: não se tratava de currículo. Embora a educação infantil tenha um papel a desempenhar nessa fase da vida, o papel familiar é o fator fundamental. Vale a pena ouvir o próprio Heckman, em uma entrevista concedida a Luiza Franco, da BBC Brasil, em maio:

"Quando comecei a estudar isso, também pensava no projeto como um currículo, mas não é – nem o Perry era e nem outros programas de educação infantil de qualidade são. Não são exatamente salas de aula. São como uma família estendida. São grupos pequenos de crianças, recebendo muita atenção, orientação, muitos estímulos."

"No caso do Perry, eles pegavam crianças de famílias muito pobres e levavam para a creche. Era como ser pais – ficavam muito tempo com a criança e davam uma mentoria a ela. Levavam as crianças ao zoológico, ao parque, brincavam com elas. Isso dava à criança a oportunidade de interagir com seus pares. Por isso, funcionou."

"O programa também tinha visitas semanais aos pais. Os pais ficaram muito empolgados. A criança voltava para casa entusiasmada. E os pais acabavam estimulando a criança ainda mais."

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Longo prazo

"Em sua pesquisa mais recente, publicada em maio, Heckman fez outra descoberta, ao lado de seu colega Ganesh Karapakula: o impacto do Perry se estendeu aos filhos dos participantes. Os índices de empregabilidade, escolaridade e saúde dos filhos dos participantes se mostraram significativamente maiores do que os de seus pares do grupo de controle."

"67% dos filhos do grupo que participou do Perry terminou o ensino médio sem nenhuma suspensão – que é comum entre estudantes negros de classes mais baixas –, contra 40% dos filhos do grupo de controle. 59% tinham um trabalho de tempo integral, contra 42%.

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Já há um bom movimento de atenção a primeira infância no Brasil hoje. O país foi o pioneiro na América Latina a ter uma legislação dedicada ao desenvolvimento integral das crianças nessa faixa etária, o Marco Legal da Primeira Infância, de 2016. O Brasil tem ainda o maior programa em escala voltado à primeira infância, o Criança Feliz. Diversas entidades atuam nesse campo, como a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, a Pastoral da Criança e o Instituto Zero a Seis. Ainda assim, a atenção a essa fase está longe de ser uma bandeira levantada por um público mais amplo. As pesquisas de Heckman confirmam que não há nada a se perder com isso. Pelo contrário, sem a atenção à primeira infância “estamos desperdiçando a potencial contribuição de um grande número de concidadãos”, como afirma o economista. O desenvolvimento da pessoa em todo o seu potencial depende da riqueza do ambiente familiar, que por essas e outras razões merece o amparo de toda a sociedade."

FONTE:https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/primeira-infancia-por-que-focar-investimentos-nesta-fase-e-mais-inteligente/

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Ter mais professores com ensino superior não melhorou o desempenho dos alunos no Brasil

Nos quase 23 anos desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de dezembro de 1996, a qualificação dos professores brasileiros aumentou consideravelmente. Entre 1995 e 2015, o percentual de professores de educação básica com nível superior completo saltou de 49% para 83%. Entre os profissionais de ensino de ensino médio, foi e 82% para 93%.
Neste período, outros indicadores melhoraram: a cobertura educacional de nível secundário foi de 5,4 milhões para 8,1 milhões. Além disso, o percentual de alunos frequentando o ensino noturno caiu de 40,2% para 25,6%, o tempo dentro da sala de aula por dia cresceu de 4,4 para 4,8 horas, o número médio de alunos por sala melhorou, de 34 para 31 e o percentual de alunos cujas mães têm ensino secundário completo saltou de 38,2% para 46,2%.
Apesar de todo esse esforço, o desempenho dos alunos continua ruim. Os dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) indicam que, ao final do ensino fundamental, o percentual de alunos com níveis básicos de conhecimento de matemática caiu, de 11,6% em 1995, para 7,3% em 2015. Em Português, foi de 45,4% para os atuais 27,5%. Como isso foi possível? Um novo estudo do Banco Mundial busca responder a essa pergunta.

Três respostas

Publicado em inglês com o título Requirements to Be a Teacher in Brazil: Effective or Not?, o levantamento foi produzido pelos pesquisadores Marcelo Ponte Barbosa, professor da Universidade Federal do Ceará, e Leandro Oliveira Costa, economista sênior do Banco Mundial.
“Uma maior proporção de professores com formação de nível superior não necessariamente implica em maior qualidade do ensino”, afirma o pesquisador Marcelo Ponte Barbosa, um dos autores do estudo. “São diversos os estudos internacionais que encontram efeitos nulos ou apenas parciais da escolarização dos professores sobre a aprendizagem dos alunos”.
Os dois pesquisadores levantaram algumas hipóteses para explicar o fraco desempenho dos alunos. Em primeiro lugar, é possível que a ampliação do acesso tenha introduzido no sistema educacional estudantes mais pobres e sem acesso à informação, e esse fator teria reduzido o desempenho médio. “É possível que a incorporação massiva de crianças que estavam fora da escola, e são de famílias com base educacional inferior tenha influenciado negativamente a qualidade do ensino”, aponta o texto, em tradução livre. “Essa interpretação parece consistente com a trajetória das notas de português, que caíram bastante em 2005 e apresentaram um leve crescimento até 2011 e estagnaram desde então, mas não parece ter relação com os indicadores de matemática”.
Além disso, dizem os pesquisadores, os cursos de pedagogia são de fácil acesso, e não atraem os melhores alunos. “A carreira docente no Brasil está atraindo um alto percentual de estudantes de baixa performance”, sugere a pesquisa, lembrando que a nota de corte no Enem para cursos de Pedagogia em instituições públicas costuma ser baixa – e, mesmo entre as faculdades particulares, a procura pela carreira é baixa e o acesso, fácil.
O terceiro motivo estaria no nível dos cursos de graduação, insuficiente, e no fato de que muitos professores não têm formação específica – lecionam português, por exemplo, sem terem cursado Letras. “A formação de professores, em geral, dá pouca importância para a didática, as técnicas de ensino e o planejamento das aulas”, afirma o levantamento.
“Parece haver uma espécie de perpetuação da baixa qualidade do ensino, resultante do fato de que parte significativa dos alunos das licenciaturas vem com déficits acumulados que o sistema de ensino superior não parece capaz de sanar. Muitos profissionais ingressam nas escolas públicas sem terem absorvido competências essenciais, nem terem capacidade de buscá-las de forma autônoma”, diz o coautor da pesquisa.
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Novo perfil

O estudo aponta que o aumento expressivo da rede de educação básica observado até meados da década passada estimulou uma contratação massiva de novos professores e, com isso, mudou o perfil dos profissionais de ensino que entravam no sistema educacional. “Em resposta à demanda crescente por professores com diplomas, aconteceu um boom no fornecimento de cursos de licenciatura para essa área”, aponta o estudo, que lembra que estados e municípios estimularam a formação de novos profissionais de ensino sem que houvesse um alinhamento completo às diretrizes estabelecidas em Brasília.
A pesquisa apresenta uma descrição do desempenho dos cursos de formação para professores em diferentes perfis de faculdades. “Atualmente, quase metade dos estudantes de Português e mais de metade dos de matemática vêm de instituições públicas”, afirma o texto, que aponta para uma mudança expressiva, a entrada dos cursos a distância, uma modalidade muito utilizada pelos cursos particulares, ainda que as instituições públicas tenham aderido nos últimos anos.
“Em 2015, cerca de metade dos graduandos em pedagogia cursaram essa modalidade”. Em geral, apontam os autores, os estudantes de graduação em cursos públicos têm melhor desempenho do que os alunos de faculdades particulares – mas, dentro das faculdades particulares, as notas dos que fazem o curso a distância são superiores. “Claramente, as melhores notas alcançadas por quem cursa instituições públicas federais são parcialmente explicadas pela base melhor dos alunos”.
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Aposta na carreira

De acordo com Marcelo Ponte Barbosa, a formação, da forma como é oferecida atualmente, não garante qualidade: “Boa parte dos cursos peca por não dar ênfase à prática, não focar aspectos como didática e técnicas de ensino e gestão de sala de aula. Também é possível que esses cursos falhem em fornecer o conhecimento específico das matérias que serão ensinadas pelos futuros professores”. Ou seja: “não diria que houve ‘melhoria na formação’. Houve, sim, um rápido e forte aumento na oferta de cursos de formação para a docência nas décadas recentes, parte relevante na modalidade à distância. Formou-se mais, mas não melhor”.
Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, concorda com a conclusão.
“O Brasil tomou uma decisão, num determinado momento histórico, de demandar diploma de nível superior, licenciaturas ou pedagogia. Essa decisão foi acertada porque tinha condições de ampliar o repertório cultural dos professores. Mas a universidade, ao assumir a tarefa de formar professores, fez o que está acostumada: formar pesquisadores, dissociados da rotina de sala de aula”.
Diferentemente das graduações em medicina ou engenharia, continua Claudia Costin, os cursos de formação de professores são teóricos demais. “O tempo de estágio é muito curto”. Além disso, a carreira de professor, como um todo, precisa ser mais atraente, diz ela, e só assim vai atrair profissionais mais qualificados. “Considerando que 81,7% dos alunos de educação básica estão nas escolas públicas, é preciso parar de contratar professores para cargas horárias de 16 horas semanais, que obrigam o professor a trabalhar em duas ou três escolas, sem vínculo com nenhuma. O ideal seria fornecer contratos de 40 horas, como acontece com qualquer profissional de nível superior”.
Para Marcelo Ponte Barbosa, uma forma de lidar com esse problema é apostar no incentivo dos bons professores. “Devemos melhorar a gestão não apenas nas escolas, mas nas próprias redes de ensino. Avaliar, cobrar e premiar professores, diretores e gestores públicos pela melhoria da aprendizagem e pela redução da evasão. Estabelecer mecanismos de incentivo capazes de reconhecer a importância dos diversos elos nessa longa cadeia”.

Aluna de 12 anos admite ter inventado ataque racista por colegas brancos

Uma estudante afrodescendente de 12 anos admitiu, nesta segunda-feira (30), ter mentido ao afirmar que três colegas brancos de escola tinham cortado seu cabelo à força, na cidade de Springfield, em Virginia, nos Estados Unidos (EUA). O fato teria ocorrido na escola cristã Immanuel, na semana passada, no intervalo das aulas.
Após receber a denúncia, a escola acionou a Polícia local para apurar o caso. Nesta segunda-feira, após falar com a família da menina, a escola comunicou oficialmente que ela tinha mentido.
"Podemos confirmar que a aluna que acusou três de seus colegas de agressão reconheceu que suas afirmações eram falsas. Somos gratos ao Departamento de Polícia por seu trabalho diligente para investigar essas alegações", escreveu Stephen Danish, diretor da escola. "Enquanto estamos aliviados por ouvir a verdade e por encerrar os eventos dos últimos dias, também sentimos uma dor tremenda pelas vítimas e pela dor de ambos os lados desse conflito. Reconhecemos que agora entramos no que será uma longa temporada de cura".
Os avós da menina, que são seus guardiões legais, também divulgaram um pedido de desculpas. "Para os meninos e seus pais, pedimos sinceras desculpas pela dor que essas acusações causaram", escreveram os avós em comunicado enviado ao Washington Post pela escola. "Aos administradores e famílias da escola, lamentamos os danos que esse incidente causou à comunidade escolar e à instituição de ensino. À comunidade em geral, que se uniu a esse apoio apaixonado por nossa filha, pedimos desculpas por trair sua confiança".
A escola cristã Immanuel é uma instituição particular de ensino fundamental e médio, no estado de Virginia. A esposa do vice-presidente dos EUA Mike Pence, Karen Pence, ensina arte para as crianças dos primeiros anos do ensino fundamental da instituição.

Em favor da escola

homeschooling está entre as prioridades do atual governo e a votação para que ganhe a categoria de modalidade de ensino no Brasil pode ocorrer ainda neste ano. Esse modelo confere aos responsáveis permissão para não matricular seus filhos em escolas públicas ou particulares, e assumir a responsabilidade por orientar os estudos em casa. Mesmo sem uma lei que o regulamente, estima-se haver cerca de 15 mil estudantes cujas famílias optaram pelo ensino domiciliar, sob o argumento de que os filhos estariam mais seguros em casa, dos pontos de vista físico e psicológico. Essas famílias questionam a qualidade do trabalho em sala de aula e respaldam a sua decisão em convicções ideológicas e religiosas. A pergunta que fica é: até quando esses estudantes terão de ficar “protegidos” em casa?

O trabalho da escola é construído na premissa de que somos seres sociais por natureza e, como tal, precisamos conviver com gente, de preferência, bem diferente de nós. Essa diversidade, além de representar um fato, o de que somos únicos, é também a maior riqueza de uma nação civilizada, pois ajuda a compreender e respeitar as diferenças como características do ser humano. Se somos seres plurais, como exercitar a cidadania sem privilegiar o espaço coletivo da escola? Isso não significa que a escola não precise melhorar. Mas daí a não reconhecer o valor social da escola é, no mínimo, desumano – para não dizer injusto – com as novas gerações.
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Se lançarmos um olhar para o mundo do trabalho, teremos ainda mais elementos para defender a escola. Afinal, para operar dignamente na vida profissional contemporânea, são necessárias muitas habilidades para além das cognitivas. Hoje, é consenso que a maior parte das demissões acontece por falta de capacidade empática, de cooperação e de cocriação. Não nascemos sabendo operar dessa forma, precisamos aprender. E é para isso que os espaços de convivência em grupo e a pluralidade de experiências cognitivas, sociais, culturais e afetivas – que a escola proporciona – são ricas oportunidades para administrar alegrias e frustrações entre pares e professores e avançar no processo de humanização.

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Se parássemos por aqui já teríamos argumentos suficientes. Porém, além de tudo isso, a escola é um dos mais importantes canais de denúncias, nos conselhos tutelares, de abusos por pais, mães e responsáveis contra a criança e o adolescente. São crimes que podem acabar ficando velados no espaço da família, visto que o Ministério da Educação e suas secretarias já encontram dificuldade de fiscalizar adequadamente o funcionamento das escolas – imagine, então, assumir a fiscalização em domicílios, aprovar e avaliar planos pedagógicos individuais.

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Quando, de maneira rasa e simplista, se propõe comparação com países que implantam a política de homeschooling, é necessário considerar o valor que a educação formal representa para essas famílias, as quais, em sua maioria, investem recurso muito superior ao que investiria se seu filho estivesse em uma escola convencional. Cada vez que ampliamos o escopo de uma política pública e permitimos a escolha, antes é necessário avaliar o discernimento de quem pode escolher, entendendo que a alienação da sociabilidade compromete inexoravelmente o processo civilizatório.
Acedriana Vicente Vogel é diretora pedagógica da Editora Positivo.

Uma questão de liberdade de escolha

Qualquer debate sobre educação domiciliar – ou homeschooling – deveria começar com uma lista que envolve em torno de 60 nomes. Faço questão de citar alguns: Estados Unidos, Canadá, Portugal, Áustria, França, Nova Zelândia e Austrália. Todos são países desenvolvidos, com índices de qualidade de vida e educacional que superam em muito os números brasileiros. Todos têm a educação domiciliar como modalidade educacional legitimamente reconhecida ou regulamentada.

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Legitimar a educação domiciliar é questão de reconhecimento de direitos, de liberdade de escolha por parte das famílias


É provável, contudo, que os detratores dessa forma de ensino apelem ao argumento de que, justamente por serem países de primeiro mundo e não compartilharem dos problemas que o Brasil enfrenta, não deveriam servir de parâmetro. Essa linha de raciocínio tem fragilidades evidentes, mas nem sequer é preciso expô-las. Basta prosseguir com a lista. Nela estão nossos vizinhos Chile e Colômbia, além de nações caribenhas, como Bahamas, Barbados e Jamaica. A África do Sul regulamentou o homeschooling em 1996. A ilha asiática de Taiwan o fez em 1999, e no ano seguinte foi a vez de Cingapura. Até a Rússia, com todo o seu passado de comunismo e controle estatal, já regulamentou a prática, tornando-a completamente legítima em todo o seu território desde 2012.
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Não é difícil supor que grande parte desses países enfrentou questionamentos semelhantes aos levantados no Brasil. O da falta de socialização, por exemplo, é o mais fácil de ser derrubado, pois quem o invoca parece partir do pressuposto de que só na escola é possível socializar. Parecem ignorar que crianças também podem brincar juntas e conviver em condomínios residenciais, parquinhos públicos, igrejas, cursos de idiomas, academias de judô ou balé, em grupos de escoteiros etc.
Outro ruído no debate que precisa ser esclarecido diz respeito à “prioridade” do tema. Com o objetivo de provocar desinformação, opositores à prática têm dito que o governo devia se preocupar com políticas públicas mais relevantes. A armadilha nessa sentença está em tratar o homeschooling como política pública, quando nem o governo, nem nenhum dos autores de projetos de lei sobre o tema o fazem. Legitimar a educação domiciliar é questão de reconhecimento de direitos, de liberdade de escolha por parte das famílias. Não se trata de demonizar a escola, mas sim de poder optar sobre onde educar os filhos: na escola ou em casa.
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Hoje, ainda que uma mãe hipotética tenha toda a formação acadêmica voltada para a alfabetização, inclusive com doutorado na área, e queira educar os próprios filhos em casa, ela não pode. É obrigada pelo Estado a confiar na escola pública, cujos problemas não é preciso mencionar, ou a pagar muito para matriculá-los em uma instituição privada, onde também não há garantias de que receberão instrução melhor do que aquela que ela própria poderia oferecer em casa. Esse exemplo mostra como a situação atual não é nem sequer razoável.
Evidentemente, é preciso não descuidar das crianças em situação de vulnerabilidade social, que poderiam ser vítimas de responsáveis relapsos e acabarem em estado de abandono intelectual. No entanto, é justamente para evitar esses casos que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento que discutiu o assunto, em 2018, estipulou as balizas a serem respeitadas pela futura legislação brasileira sobre o tema. No acórdão publicado pela corte é dito que a Constituição Federal não proíbe a educação domiciliar, contanto que ela “respeite o dever de solidariedade entre a família e o Estado”, cumprindo um “núcleo básico de matérias acadêmicas” e prevendo a “supervisão, avaliação e fiscalização pelo poder público”.
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O mundo, a história e até mesmo a Justiça brasileira já deram sinal verde para a educação domiciliar. É hora de o Congresso Nacional fazer a sua parte.
Filipe Barros é deputado federal (PSL-PR).