Cerca de 1 milhão de estudantes da rede pública paranaense realizaram, nesta terça-feira (24), a terceira edição da
Prova Paraná. Trata-se da avaliação diagnóstica aplicada pela Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed) em toda a rede estadual de ensino e nas redes municipais, excetuada a de Curitiba.
A grande novidade desta edição foram as provas adaptadas e orientações específicas direcionadas a estudantes com deficiência, a fim de promover ainda mais a inclusão de alunos com necessidades especiais.
Foram produzidas, a pedidos de escolas com estudantes que dominam o sistema,
34 avaliações em Braille para alunos dos nonos anos do Ensino Fundamental e para as terceiras séries do Ensino Médio, além de provas ampliadas para jovens com baixa visão.
Ainda, a prova de Língua Portuguesa foi disponibilizada no DOSVOX, um sistema computacional que funciona por comando de voz e serve para facilitar o acesso de pessoas com deficiência visual ao computador. Os alunos com deficiência também foram acompanhados por um professor na hora da avaliação e tiveram de 30 a 40 minutos a mais para a realização do teste.
O secretário da Educação, Renato Feder, acompanhou a aplicação de uma dessas provas adaptadas. Acompanhado da primeira-dama do Estado, Luciana Massa, e da chefe do Núcleo Regional de Educação de Curitiba, Adriana Kampa, Feder falou sobre a relevância de se garantir a inclusão de alunos com necessidades especiais em momento tão importante como a Prova Paraná.
“Nessa edição da Prova Paraná conseguimos adaptar as provas para o Braille para os alunos cegos que dominam o sistema. Esse foi um pedido das escolas e dos pais que conseguimos atender. Para garantir que todos os alunos pudessem fazer a Prova Paraná, também elaboramos provas ampliadas para alunos com baixa visão e disponibilizamos um software que ´lê´ a prova para os alunos cegos que não leem Braille”, contou Feder.
‘SOU IGUALZINHO AOS OUTROS’ – Na Escola Estadual Dom Pedro II, em Curitiba, foi disponibilizada ao aluno do nono ano Matheus Julião Alves, que é cego, a Prova Paraná em Braille, além do acompanhamento de uma professora e um kit de Multiplano, aparelho didático destinado à aprendizagem da Matemática, formado por uma placa perfurada, elásticos e rebites de plástico. Segundo Matheus, com o material é possível montar figuras geométricas, resolver frações e aprender sobre o sistema cartesiano.
Quem esteve com adolescente na realização da prova foi a professora de Língua Portuguesa Alex Sandra Hubie, que leciona no Dom Pedro II. Ela conta que, mais do que ensinar, é ela quem aprende praticamente todos os dias com o aluno. “Quando eu me tornei professora dele, fiquei receosa. Pensei ‘como é que vou trabalhar com o Matheus? Como é que ele vai copiar do quadro?’. No fim, vi que ele era como os outros. Ele é um aluno nota 10, que todos os dias me ensina algo novo, principalmente a lidar com o computador”, afirma.
Para estudar, Matheus utiliza um programa de computador que lê textos. Em dias de prova, a professora copia a avaliação em um computador da escola e o aplicativo faz a leitura das questões para o estudante. O adolescente garante que os docentes o tratam da mesma maneira que o fazem com os alunos que não têm deficiência.
“Se os outros têm que fazer 60 exercícios, eu tenho que fazer também. Sou igualzinho [aos outros]. E é sempre bom a gente valorizar o professor”, afirma o jovem, que faz aulas de piano e sonha em fazer carreira na música, embora não descarte se tornar professor de Português, inspirado em Alex Sandra.
PROVA PARANÁ – Avaliação diagnóstica lançada pela atual gestão da Seed, a Prova Paraná engloba questões de Língua Portuguesa e Matemática, com o objetivo de acompanhar a evolução de aprendizagem de cada estudante, identificando quais são os conteúdos em que há maior dificuldade.
Atualmente, é destinada a todos os estudantes do 5° ao 9° ano do Ensino Fundamental, 1ª a 3ª série do Ensino Médio, 1° ao 4° ano do Ensino Médio Integrado e Formação de Docentes e estudantes da Educação de Jovens e Adultos da rede estadual de ensino. Também é aplicada a escolas municipais de 398 municípios do estado. A única rede municipal que ainda não aderiu foi a de Curitiba, por possuir sistema de avaliação próprio.
A correção é realizada pelo aplicativo Corrige, desenvolvido pela Secretaria de Educação. Os resultados são disponibilizados às escolas, Núcleos Regionais de Educação e secretarias municipais por meio de relatórios. A partir desses resultados, a Seed desenvolve ações a fim de aprimorar o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes do estado, como a
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