quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

O que é e como funciona o ensino híbrido

 A modalidade de ensino ganhou força em função da pandemia e do distanciamento social

Com as mudanças causadas pela necessidade do isolamento social, novas formas de ensino começaram a ser implantadas. A principal delas é o chamado ensino híbrido. Nesse conteúdo , saiba mais sobre essa modalidade de ensino e seu funcionamento.

O que é o ensino híbrido


O formato híbrido de ensino tem como principal premissa a união entre atividades presenciais e atividades não-presenciais, ou remotas.

Esta hibridização é possível graças à internet e pode se dar por intermediação das plataformas, aplicativos e computadores. 

Ensino híbrido ou EAD?


É importante distinguir que o ensino híbrido, que é recomendado para etapas como o ensino fundamental e médio, não é o mesmo que o ensino à distância (EAD).

O EAD tem como característica o funcionamento totalmente virtual, ou não-presencial. Desta forma, todo o curso acontece via ambiente virtual, sem uma interação direta e sem encontros presenciais.

Como funciona na prática?


A ideia do ensino híbrido é aproveitar-se das tecnologias digitais que permeiam o ensino para oferecer soluções e experiências inovadoras de aprendizado.

Dessa forma, a combinação entre o online e o presencial não tem uma regra explícita, que defina como 50% de cada. A proposta é oferecer mais possibilidades de contato entre estudantes e outros estudantes e entre estudantes e professores, fazendo com que as aulas possam ir além do tradicional.

Todo o plano de ensino é repensado a partir do momento que o ensino híbrido é implantado. Isso se dá porque a modalidade necessita de capacitação dos professores, mais infraestrutura e métodos de avaliação compatíveis com o processo de ensino.

Além disso, a plataforma virtual na qual as aulas serão ministradas de forma remota deve ser de domínio dos pais e estudantes. Da mesma forma, as regras para as aulas presenciais – como o distanciamento e rodízio – necessitam ser previamente estabelecidas.

Assim, o ensino híbrido pode atingir um enorme potencial, sendo útil para o atual momento do mundo, e principalmente vantajoso para ampliar e potencializar as formas de ensinar e aprender.

Agora que você sabe mais sobre o ensino híbrido, aproveite para conversar com seus filhos e familiares para mostrar as vantagens dessa modalidade de ensino.


FONTE: https://www.colegioestillo.com.br/o-que-e-e-como-funciona-o-ensino-hibrido/


Ensino híbrido: quais são os modelos possíveis?

 

Conheça os modelos e as heranças da pandemia para o ensino híbrido no retorno presencial das atividades escolares



Carteiras e corredores vazios, portões das escolas fechados, alunos e professores em casa. Depois de cerca de seis meses vivenciando a realidade do ensino remoto, o Brasil ensaia voltar para as salas de aula nos próximos meses. Mas o retorno deve ser gradual e híbrido. É provável que as escolas tenham que lidar por um período de tempo com parte dos alunos em casa e parte presencialmente nas escolas. O plano de retorno da rede estadual de São Paulo, por exemplo, prevê que as escolas que estão retomando as atividades em setembro recebam, no máximo, 20% dos alunos por dia. Mesmo quando todos estiverem de volta, o apoio da tecnologia pode permanecer como uma herança da quarentena – seja para reforçar e complementar as aprendizagens no contraturno em casa ou para inovar na forma como os professores dão suas aulas.

“A pandemia nos deu, como educadores, a oportunidade de olhar de forma cuidadosa e perceber que temos muito potencial, que somos capazes de nos reinventar”, diz Aline Soares, professora do Ensino Fundamental 1 e coautora do capítulo sobre avaliação no livro Ensino Híbrido: Personalização e tecnologia na Educação. “Muitas pessoas acreditam que para trabalhar com ensino híbrido é preciso ter os melhores recursos, mas com acesso à internet, conhecendo e criando boas propostas, é possível. A pandemia mostrou que todo professor é criador de conteúdo”.

Para Fernando Mello Trevisani, que é pesquisador, consultor educacional e professor da pós-graduação em Metodologias Ativas do Instituto Singularidades, o ensino híbrido proporciona um modo de trabalho interessante para o professor e para os alunos. Um dos benefícios é a possibilidade do docente dedicar mais tempo às dúvidas e ao acompanhamento mais próximo e individual dos alunos na aprendizagem. Com o apoio da tecnologia, o professor também consegue visualizar, coletar e analisar dados sobre as aprendizagens dos alunos de forma mais simples e precisa. “Com isso, fica mais fácil fazer as implementações e as modificações rumo à personalização do ensino, que é um dos objetivos também do ensino híbrido”, explica.

O que é o ensino híbrido?

A definição é do Clayton Christensen Institute, dos Estados Unidos, para ensino híbrido é: “um programa de Educação formal no qual um aluno aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino online, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e pelo menos em parte em uma localidade física supervisionada, fora de sua residência”. 

O modelo, portanto:

• Mescla estratégias de ensino off-line com estratégias digitais;

• Possibilita personalizar o ensino para atender melhor às necessidades de aprendizagem dos estudantes;

• Coloca o aluno como protagonista da sua aprendizagem;

• Transforma o papel do professor de transmissor para mediador do conhecimento

É preciso tomar cuidado para não confundir o ensino híbrido com outros modelos educacionais. “Temos escutado em alguns lugares a definição do ensino híbrido como sendo a transmissão online de aulas ao vivo, mas isso é a definição de aula síncrona transmitida ao vivo”, atenta Lilian Bacich, diretora da Tríade Educacional e co-autora do livro Ensino Híbrido: Personalização e tecnologia na Educação. “No híbrido, temos o que é para ser aprendido no presencial e o que é para ser aprendido no virtual e você conecta essas duas aprendizagens”. A sala de aula invertida, o laboratório rotacional e a rotação por estações são alguns exemplos de modelos híbridos.

Fernando argumenta que, apesar dos obstáculos, dá para aplicar ensino híbrido em diversas realidades e escolas do Brasil, inclusive em escolas públicas com poucas tecnologias. “É importante ressaltar que o modelo não pressupõe o uso de um dispositivo digital por aluno”, aponta Fernando. “O que é necessário é que o professor tenha um planejamento adequado, que faça sentido para o que ele quer ensinar, que tenha uma intencionalidade pedagógica”. Entre os modelos híbridos possíveis, há aqueles que se apoiam no formato tradicional da sala de aula (como a sala de aula invertida e o laboratório rotacional, que são chamados de modelos sustentados) e aqueles que rompem completamente com o tradicional (os chamados modelos disruptivos).



Da sala de aula invertida ao flex: o que é o que

O especialista do Singularidades afirma que é possível aplicar qualquer modelo de ensino híbrido no Brasil. “Porém, é indicado começar pelos modelos sustentados, que fazem menos modificações e já conseguem estar incorporados mais facilmente na prática do professor e na realidade escolar vigente”, recomenda Fernando. Lilian Bacich concorda, mas diz que o cenário de retorno presencial parcial pode exigir modelos mais disruptivos pela distância. “Antes da pandemia, defendíamos muito que, no Brasil, os modelos rotacionais eram os mais adequados para a nossa realidade: rotação por estaçãosala de aula invertida e laboratório rotacional”, explica. No entanto, diante do atual contexto, considera-se outros modelos, como o flex, o a la carte e o virtual aprimorado (ou virtual enriquecido), em que o fio condutor da aprendizagem é o online. Lilian ressalta que, nesses casos, não é necessário que os alunos estudem as mesmas coisas ao mesmo tempo, já que ele flexibiliza a aprendizagem. Conheça abaixo os diferentes modelos de ensino híbrido:

MODELOS SUSTENTADOS

Sala de aula invertida
Consiste no envio prévio do material da aula para os alunos em casa, podendo este material ser um vídeo ou outro formato de conteúdo que explique o tema que será abordado em sala. “Assim, quando eles vão para o encontro com o professor, já vão munidos de muitas informações”, explica a professora Aline. Há uma inversão do que acontece, portanto, em sala e em casa: os alunos consumem a explicação do conteúdo sozinhos e usam o espaço coletivo escolar e a presença do professor para tirar fazer resolução de atividades e aplicações práticas do conhecimento e tirar dúvidas.

Laboratório rotacional
Neste modelo os alunos são divididos em dois grupos, um trabalha no laboratório com uma lista de atividades para realizar com apoio da tecnologia digital, enquanto o outro trabalha na sala de aula com o professor. Enquanto o primeiro grupo atua de forma autônoma, o professor pode fazer as intervenções mais diretas com a segunda metade da turma, trabalhando conceitos e solucionando dúvidas dos estudantes.

Rotação por estações
O modelo consiste em organizar a sala por grupos (estações de aprendizagem) para desenvolver atividades com objetivos de aprendizagens diferentes, mas complementares. Os alunos se revezam nas estações de aprendizagem, enquanto o professor atua como um mediador e intervém nos grupos que mais precisam de auxílio – o que personaliza o ensino e dá autonomia e protagonismo para os alunos construírem suas aprendizagens. 

DISRUPTIVOS

Rotação individual
Os percursos são voltados para as necessidades individuais dos estudantes. “É um modelo do ensino híbrido onde a personalização realmente acontece”, diz Aline. “O professor precisa estar atento às necessidades dos estudantes, planejando roteiros mais individualizados, para que as possíveis dificuldades sejam sanadas. Cabe ao professor propor as melhores situações de aprendizagem”. Isto não significa, no entanto, que o professor necessita propor um roteiro para cada aluno. “Significa que ele produzirá diferentes atividades, algumas para alunos com perfis e necessidades mais parecidas. Ele buscará os melhores recursos, online, por exemplo, para propor situações de aprendizagem para alguns alunos ou grupo”, detalha a educadora. O modelo pode se encaixar na realidade de muitas escolas que receberão alunos com variados níveis de aprendizagem.

Flex
É o mais usual nas escolas durante a pandemia. O aluno tem alguns roteiros que são entregues via plataforma digital, no qual realiza as atividades propostas em parte do tempo, com o professor por perto, como um tutor, e em outros momentos pode trabalhar em projetos com outros alunos ou fazer algo mais relacionado a uma atividade física. Aqui, é possível intercalar ações individuais e coletivas online.

À la carte
É muito comum no Ensino Médio em países em que a ideia do ensino personalizado é mais difundida, como nos Estados Unidos, segundo Lilian Bacich. No modelo, o estudante é responsável pela organização do seu estudo a partir de objetivos gerais de aprendizagem a atingir.  As disciplinas podem ser eletivas e combinar, por exemplo, com os itinerários formativos escolhidos pelos estudantes. Nesse modelo, pelo menos uma disciplina é ofertada online, além das tradicionais da escola, e pode ser realizada no momento e local mais adequado para o estudante. 

Virtual aprimorado
O aluno tem todas as disciplinas ofertadas online e vai para a escola uma ou duas vezes por semana para realizar projetos, debates e discutir o que foi estudado online. Além disso, o presencial é utilizado como acompanhamento de como estão caminhando as aprendizagens.

É preciso olhar para frente

Neste ano em que o mundo parou por conta de uma pandemia, diversas reflexões surgiram na Educação e, como todo período desafiador, deixará algumas lições. “Que a gente saia da pandemia olhando para a frente e não para trás”, diz Lilian Bacich. Como uma das lições, a especialista ressalta a importância de olhar para um modelo de ensino que ajude o estudante a desenvolver o protagonismo e a autonomia, e a realmente ser um sujeito do seu conhecimento. Para Fernando Trevisani, o ensino remoto também fortaleceu a importância da autonomia dos alunos com relação ao próprio aprendizado. 

“Mostrou que o papel e as ações de cada um deles é essencial para que construam conceitos e trilhem caminhos de aprendizagem mais independentes rumo a construção do conhecimento”.

FONTE:https://novaescola.org.br/conteudo/19715/ensino-hibrido-quais-sao-os-modelos-possiveis


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Retomada presencial: 8 cursos para se preparar para o ensino híbrido

 

Saiba como adaptar as metodologias ativas às aulas presenciais e remotas, e conheça ferramentas digitais que otimizam as atividades.

Há nove meses sem aulas presenciais, professores pelo Brasil acompanham as discussões sobre a retomada presencial. Junto a essa expectativa está a preocupação em como se preparar para esse momento, já que as aulas remotas vão continuar acontecendo. A recepção das turmas, abordagens pedagógicas adaptadas ao ensino híbrido, ferramentas digitais são alguns dos aspectos que precisam ser levados em conta nesse novo cenário.

A NOVA ESCOLA possui diversos cursos gratuitos e com preços promocionais que podem ajudar com os desafios deste momento. Pensando nisso, reunimos formações que se aprofundam sobre a aplicação de metodologias ativas, como utilizá-las sem tecnologias e como trabalhar o ensino híbrido e a aprendizagem baseada em projetos. Você vai encontrar, ainda, algumas formações focadas em ferramentas digitais como Google Drive, Hangouts, FlipGrid. Veja a seguir:

1. A escola após a pandemia: como conduzir o retorno às aulas

De um dia para o outro a escola precisou se adequar ao modelo remoto com a suspensão das aulas. Agora, nove meses depois, intensificam-se as preocupações para o retorno. Gratuito, o curso traz informações para ajudar os professores a se organizarem. Saiba como priorizar as propostas didáticas, adaptadas a esse contexto, levando em conta a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Outro ponto importante abordado pelo curso é o acolhimento dos estudantes nesse momento e como envolver famílias e o grupo de professores para fortalecer a escola.

2. Metodologias Ativas: Ensino Híbrido e Aprendizagem Baseada em Projetos
Esse curso se aprofunda Ensino Híbrido e a Aprendizagem Baseada em Projetos, metodologias ativas que promovem o protagonismo dos estudantes no processo de ensino. A partir do estudo de casos reais, Lilian Bacich, formadora de professores, apresenta estratégias como sala de aula invertida e rotação por estação de aprendizagem, que promovem mais engajamento na turma e estimulam uma participação ativa dos estudantes. Além disso, você vai entender como essas estratégias se relacionam com a BNCC.

3. Metodologias Ativas - Como inovar sem tecnologia
O curso é dividido em duas partes: a primeira traz reflexões sobre o uso do trabalho em grupo e a aprendizagem de projeto. Esta última é uma estratégia para engajar os alunos em desafios vivenciados por eles em sua vida cotidiana ou no entorno da escola. A segunda parte apresenta a trajetória de Harley Sato, professor de Física e Ciências da Natureza, que utiliza a técnica dos Incidentes Críticos na sala de aula. 

4. Metodologias Ativas: trabalhando com projetos durante a quarentena
Este curso traz reflexões sobre a prática docente e o uso de metodologias ativas. Você vai conhecer os elementos que ajudam os estudantes a construir a própria autonomia e como estabelecer um percurso de aprendizagem mais significativo. As discussões dessa formação serão focadas nas estratégias da Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP).

5. Metodologias ativas para aulas a distância: como usar o FlipGrid
Estudantes que vão atrás dos conteúdos, constroem conhecimentos a partir da interação com colegas, diálogo aberto entre docente e turma são ações promovidas pelas metodologias ativas. Para garantir que essa experiência seja feita de forma dinâmica e facilitada, ferramentas digitais como o FlipGrid podem ajudar. Com ele, é possível dialogar com escolas e famílias, criar tópicos de discussão e dar feedbacks aos alunos. A plataforma pode ser uma aliada nesse período de ensino híbrido.

6. Google drive: como usar os slides e o formulário de perguntas?
Uma conta Gmail dá acesso a diversas funções que ajudam a otimizar o dia a dia escolar em tempos de ensino híbrido. No Google Drive é possível criar pastas específicas para turmas ou atividades, compartilhar documentos e aulas com alunos e familiares. Você consegue, também, criar apresentações de slides e editá-las de forma colaborativa. Aprenda neste curso a se organizar com essas ferramentas e favoreça o trabalho realizado com a gestão escolar e com os colegas nesses tempos de aulas remotas e presenciais.

7. Google drive: como usar o Hangouts e o Docs?
A tecnologia se confirmou como uma forte aliada nesses tempos de ensino remoto. Ferramentas que facilitam a comunicação, troca de documentos e organização de arquivo ajudaram muito no dia a dia. Em um cenário de ensino híbrido isso não mudar. Esse curso apresenta os recursos disponíveis no Google Drive: planilhas, formulários, apresentações e textos, Meets, Docs, Hangout, tudo o que pode ser usado ao seu favor. Você vai conhecer também a experiência de uma professora que realiza, junto com a equipe da escola, planejamentos de forma colaborativa no Docs e reuniões a distância usando os recursos do Google Meet.

8. Leitura e alfabetização: estratégias e ferramentas para o ensino remoto
A nova rotina imposta pela necessidade de aulas a distância desafiou, e muito, quem trabalha com turmas da etapa de alfabetização. A presença física é fundamental, já que são necessárias intervenções e trabalhos em grupo para o processo de aprendizagem da escrita e leitura. O curso tem duas partes: a primeira vai compartilhar reflexões sobre a alfabetização no contexto de aulas remotas e presenciais, e sobre a importância do vínculo entre escola e família nesse momento. Na segunda, serão apresentadas propostas para aulas a distância, com passo a passo para realização de atividades em casa.

O curso tem a participação especial de Magda Soares, professora emérita da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), fundadora do Centro de Alfabetização Leitura e Escrita (Ceale) na mesma instituição e uma das maiores especialistas em alfabetização e letramento do Brasil. 

FONTE:https://novaescola.org.br/conteudo/19914/retomada-presencial-8-cursos-para-se-preparar-para-o-ensino-hibrido


Ensino híbrido na Matemática: como aplicar na prática?

 No atual cenário da pandemia temos visto acontecer, em vários municípios e estados, a retomada presencial das aulas. Esse momento traz possibilidades de trabalho com os alunos respeitando as diferentes realidades e as orientações sanitárias propostas conforme cada situação. Dentre elas está o ensino híbrido.

Em 2015, no prefácio do livro “Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação”, José Armando Valente começa dizendo que o ensino híbrido veio para ficar. Cinco anos depois, com as mudanças trazidas pela pandemia, não se tem dúvida do contrário. O processo foi apenas acelerado, se é que podemos dizer isso.

O que é (e o que não é) ensino híbrido
Nesse mesmo prefácio, José Armando define o “ensino híbrido como uma abordagem pedagógica que combina atividades presenciais e atividades realizadas por meio das tecnologias digitais da informação e comunicação”. Entretanto, o grande mote está em colocar o estudante no centro do processo de aprendizagem. Assim, um ensino pautado apenas na transmissão das informações pelo professor perde o sentido nessa proposta.


O estudante como o centro desse processo, debate, argumenta, desenvolve o pensamento crítico e a resolução de problemas. O professor é o mediador, é aquele que “desenha experiências”, pesquisando os melhores meios para proporcionar o desenvolvimento de tais habilidades. A tecnologia é o suporte que possibilita o protagonismo estudantil e o desenvolvimento da cultura digital, estabelecendo um diálogo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). É o elemento mediador da aprendizagem e não se destina apenas a disponibilizar conteúdos.

Isso leva uma personalização da aprendizagem, ou seja, os estudantes aprendem em seu próprio ritmo e tempo. E você, professor e professora, encontra as melhores ferramentas que permitem a aprendizagem de todos. É uma grande mudança de concepção! É a possibilidade mais próxima para atender as demandas desse retorno presencial às escolas, diante de tudo que já estudamos.

Vale ressaltar que há alguns equívocos ao exemplificar modelos de ensino hibrido. Aulas transmitidas da escola para aqueles que estão em casa, aulas que acontecem no modelo remoto utilizada por tantos profissionais, enriquecer aulas presenciais com jogos online ou com apresentações de PPTs não se enquadram, por exemplo, dentro do conceito de ensino híbrido. Já que sempre o foco da aprendizagem está centrado no professor e o protagonismo estudantil não tem espaço.

Lilian Bacich, co-autora do livro que citei no início dessa nossa conversa, explica que na ótica do ensino híbrido planeja-se o que é para ser aprendido no presencial e o que é para ser aprendido no virtual cabendo ao professor conectar essas duas aprendizagens. Nesta reportagem de NOVA ESCOLA, você pode conferir mais detalhes sobre esse conceito. Aqui no site há também cursos relacionados ao tema.

E como fica a Matemática dentro desse contexto?
Se você tem buscado mudar o olhar para a forma de trabalhar a Matemática, certamente, estará mais aberto para colocar em prática a proposta do ensino híbrido. Isso porque você deve buscar dar voz e vez ao seu aluno, permitindo que ele construa o seu próprio conhecimento, interagindo com o outro.

Já deve ter começado a rever o espaço da sua sala de aula, trazendo novos materiais e novas propostas. Nesse momento de aulas remotas já deve estar mais próximo das tecnologias e dos jogos, por exemplo. Por isso, convido você a introduzir o ensino híbrido por meio da Matemática nesse retorno.

Se você ainda não se convenceu, lembre-se que a BNCC afirma que o “conhecimento matemático é necessário para todos os alunos da Educação Básica, seja por sua grande aplicação na sociedade contemporânea, seja pelas suas potencialidades na formação de cidadão críticos, cientes de suas responsabilidades sociais”. E qual forma de atingir a todos os alunos se não respeitando o tempo de cada um e adequando as formas de ensinar e aprender, ou seja, personalizando o ensino – o que é preconizado pelo ensino híbrido.

5 dicas para colocar em prática o ensino híbrido na Matemática

> Aprofunde os seus conhecimentos
Para começar é preciso aprofundar o que você já sabe sobre o ensino híbrido e as metodologias ativas. Conhecer cada modelo híbrido ajudará a escolher a melhor opção para colocar em prática em sua realidade, fazendo as adequações necessárias.

Como já disse o site da Nova Escola está recheado de possibilidades. A leitura do livro que citei anteriormente é também uma boa opção. Se quiser algo mais sintetizado, o livro “Metodologias Ativas de Bolso” de José Moran poderá dar uma visão mais geral sobre o que estamos falando.

Conhecer a teoria que embasa a prática é fundamental para você fazer as melhores escolhas e repensar sobre a sua ação. Sentir-se confortável (conforto dado pelo estudo) permitirá a inovação.

> Reorganize o espaço da sala de aula
Você pode iniciar sem usar as tecnologias, como uma forma de mudar a sua cultura, de rever o seu papel de professor e do seu aluno. Refletir até que ponto você utiliza a aula expositiva como forma de transmissão de conhecimento e não como mais uma possibilidade de contribuir para a construção do conhecimento. São pontos importantes a serem refletidos.

Leve os jogos, (re)aprenda a problematizá-los e a vê-los como uma estratégia mais significativa para que sua turma aprenda os diferentes conteúdos. Quando estiver mais confiante, passe a introduzir as tecnologias. Abra espaços para o celular e outros dispositivos.

Vale ressaltar que essa reorganização implica em repensar a disposição das carteiras: um atrás do outro não tem vez dentro dessa concepção!

> Planeje, planeje e planeje
Planejar é fundamental em qualquer situação. A sua intenção clara e objetiva só se concretizará a partir de um bom planejamento. 

Planejando você estará apto também a enfrentar os desafios que aparecerão, antecipará boas perguntas que farão sua turma avançar, além de encontrar diferentes estratégias para atender as necessidades de cada estudante.

> Registre o seu percurso e o de seus alunos
Documentar e registrar, como já falei tantas outras vezes, permitirá que você entenda o que está fazendo e levante seus pontos fortes mostrando o que necessita mudar ou manter na sua trajetória.

Esse movimento contribuirá para sua autoavaliação e reflexões sobre a sua prática, bem como os avanços de seus alunos. No começo é um pouco difícil, mas a persistência pode te ajudar a consolidar esse hábito.

> Encontre o melhor modelo
O estudo, o planejar, o executar e refletir sobre os resultados permitirão encontrar o modelo híbrido que mais se adequa a sua realidade. Você conseguirá encontrar o melhor caminho para aliar as propostas de ambos os ambientes. Conheça aqui e aqui inspirações para você, que apesar de representarem realidades distintas, podem te ajudar.

E então, se animou? Vamos começar a introduzir o ensino híbrido pela Matemática? Tenho certeza de que você obterá excelentes resultados e o mais importante: estará trabalhando de forma a atender as demandas da sociedade do século XXI!

Como diz um velho ditado “uma andorinha só não faz verão” e é evidente que as redes de ensino precisam também subsidiar a implantação do ensino híbrido investindo na formação continuada do professor a partir desse viés, na adequação do currículo e na dinâmica do tempo e da sala de aula.

FONTE:https://novaescola.org.br/conteudo/19881/ensino-hibrido-na-matematica-como-aplicar-na-pratica



Ensino híbrido: é possível fazer sem internet e poucos recursos?

 

Entenda como aplicar metodologia com baixa tecnologia e conectividade limitada a partir de exemplos práticos




O ensino híbrido é uma das apostas para driblar os obstáculos impostos por um biênio escolar atingido pela pandemia. O Instituto Clayton Christensen, uma das referências no tema nos Estados Unidos, define o ensino híbrido como “um programa de Educação formal no qual um aluno aprende uma parte por meio do ensino online, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo”, enquanto a outra parte do aprendizado acontece por meio do espaço físico da escola.

Quando se fala em ensino híbrido, Fernando Trevisani, pesquisador e professor da pós-graduação em Metodologias Ativas do Instituto Singularidades, explica que o online do modelo se refere ao uso de tecnologias digitais para a coleta e análise de informações pelo professor para promover a personalização do ensino. Levando em consideração a realidade das escolas públicas brasileiras, que têm pouco acesso à internet e escassos recursos tecnológicos, fica a dúvida: dá para implementar ensino híbrido sem internet? “Sim! É possível utilizar recursos que coletem esses dados sem a necessidade de internet e de forma que o professor consiga analisar a produção dos alunos visando a personalização do ensino”, explica Fernando.

Como um professor implementou ensino híbrido com pouca conectividade

Antes mesmo da pandemia do coronavírus se instaurar no Brasil e no mundo, o professor de História Ailton Luiz Camargo, da Escola Municipal Zilma Thibes Mello, em Iperó (SP), já experimentava a metodologia de ensino híbrido com a sua turma do Fundamental 2. “No começo das minhas experimentações, a gente tinha um laboratório com internet, mas com o tempo nós perdemos esses aparelhos e eu fui me adaptando a essa nova realidade”, relembra.

Um caminho indicado por Débora Garofalo, gestora de tecnologia e inovação na Secretaria Estadual de Educação de São Paulo e professora com trabalhos renomados de robótica com sucata, é o método byod (em tradução para o português traga o seu próprio aparelho) como uma das possibilidades. Ailton já é adepto do movimento. Em alguns momentos, o professor de História levou seu próprio notebook para usar com o wi-fi da escola e também usou os celulares dos alunos para colaborar com a atividade. Além disso, ele já distribuiu pen drives para os alunos com formulários e tabelas em arquivo de Word para que eles pudessem preencher em casa.

Uma das atividades que Ailton desenvolveu com os alunos com baixa tecnologia foi um projeto sobre violência. “A partir da avaliação diagnóstica no início do ano de 2019 e observação das brincadeiras entre eles, percebi que eram muito violentos. Então desenvolvi atividades relacionadas e uma delas era no modelo de rotação por estação”, conta. A ideia era que cada estação tivesse um meio de comunicação retratando o tema. O professor organizou uma estação com fotografias, outra com recortes de jornal, uma com textos que contextualizavam o assunto e a quarta com seu notebook exibia o clipe da música “Eu só quero é ser feliz”, um rap dos anos 1990, que tem como tema a violência e falta de tranquilidade das favelas brasileiras.

Os alunos precisavam responder em uma folha, dada previamente, como enxergavam a violência sendo retratada em cada meio de comunicação que analisaram e discutiram ao rotacionar pelas estações. A partir dos dados obtidos com o desenvolvimento da aula, Ailton personalizou as atividades seguintes do projeto. “Pensando no atual contexto, é possível enviar pelo WhatsApp, que não gasta tanta internet, ou até mesmo por pen drive para os alunos”, sugere.

Para levar em conta na hora de planejar o ensino híbrido na escola pública 

1. Professor passa a colocar o aluno no centro
Débora explica que mais do que ter ou não uma conectividade para implementação do ensino híbrido, é essencial que o professor passe a colocar o aluno no centro e esteja no papel de mediação da aprendizagem. “Só ter internet não garante esse protagonismo do estudante”, pontua

2. Entenda a realidade do aluno
Muitas redes de ensino e escolas já fizeram um mapeamento desde o início da pandemia sobre a realidade e acesso de cada aluno. Levantamentos como esse sobre a turma são úteis para que as estratégias sejam coerentes com os recursos disponíveis. “Fazer um balanço do que deu certo e não deu também ajuda no planejamento”, sugere Débora.

3. Falta de internet não é único entrave
Como a diversidade de realidade das escolas públicas brasileiras é grande, Harley Sato, professor de Física no Ensino Médio e doutorando em formação de professores na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), alerta para o desafio além da internet. “O gargalo não está só na conexão, mas na dificuldade de acesso à aparelhos pelos aluno. Muitos não têm notebook, ou usam o celular emprestado dos pais e irmãos”.

4. Criatividade e empenho não exime responsabilidade dos governos
Com o avanço da pandemia, professores e gestores se reinventaram cada dia mais para garantir a aprendizagem de seus alunos. Mas, além da criatividade de quem está no chão da sala de aula, especialistas alertam que as secretarias de Educação necessitam desenhar estratégias de políticas públicas educacionais que dialoguem com os desafios do momento. “O empenho do professor não exime o papel dos governos de fazer uma formação efetiva para que os professores se sintam mais preparados, por exemplo”, indica Débora.

Com ou sem internet, o foco do ensino híbrido é na personalização do ensino. Por isso, Fernando explica que “qualquer prática que não utilize uma tecnologia digital com o objetivo de coletar dados para promover a personalização não pode ser considerada ensino híbrido”. Mas o que significa personalizar o ensino? Débora conta que a metodologia se refere a respeitar os ritmos de aprendizagem e a potencializar as habilidades que cada aluno têm. Para salas com mais de 40 ou 50 estudantes, a prática enfrenta mais dificuldades, já que a análise dos dados para personalização leva mais tempo.

Formação de professores é essencial nesse processo!
Com a falta de recursos e baixa internet, ampliar a formação de professores é um dos pontos importantes para a implementação do ensino híbrido. Para isso, Débora Garofalo sugere que as redes de ensino considerem as necessidades dos educadores dentro do tema. Uma dica prática é levar para as formações uma experiência real de ensino híbrido. “Vivendo na prática o modelo [homologia de processos], o professor pode entender como funciona e saber que consegue aplicar com sua turma”.

FONTE:https://novaescola.org.br/conteudo/20073/ensino-hibrido-e-possivel-fazer-sem-internet-e-poucos-recursos