segunda-feira, 22 de junho de 2020

Secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, é cotado para o MEC

Um dos nomes que está no radar do presidente Jair Bolsonaro para assumir o MEC (Ministério da Educação) é do secretário da Educação do Paraná, Renato Feder. A decisão, no entanto, ainda não está perto de ser tomada, já que há outros nomes em análise. 

Renato Feder é um dos  cotados para o MEC

exoneração de Abraham Weintraub foi publicada no Diário Oficial deste sábado,
O presidente estuda ainda manter o secretário-executivo Antonio Paulo Vogel como interino por um tempo mais longo, a exemplo do que está fazendo no Ministério da Saúde, com o general Pazuello.
Não foram descartados ainda para a pasta os nomes do atual secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim e de Ilona Becskeházy, atual secretária de Educação Básica do MEC. 
Feder foi nomeado para a pasta do Paraná pelo governador Ratinho Júnior, do PSD, partido que está na base de apoio de Bolsonaro no Congresso com a recente aproximação com o Centrão. 
Ele é mestre em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi professor da Educação de Jovens e Adultos de matemática por dez anos, além de ter sido diretor de escola por oito anos. Também foi assessor voluntário da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Aos 24 anos, em 2003, assumiu uma empresa de tecnologia, que se tornou bilionária. Deixou o cargo de CEO da empresa para assumir a secretaria do Paraná. 

Aula Paraná se consolida e se torna modelo para o Brasil

Há três meses, no dia 20 de março, os portões da Escola Estadual da Cango, em Francisco Beltrão, fecharam por causa da pandemia de coronavírus. O vírus afastou 106 alunos da sala de aula, deixando famílias aflitas e inseguras por causa da pandemia. Passado um trimestre, a insegurança deu lugar a uma grande adesão de alunos ao programa Aula Paraná.  Hoje estes alunos e outros estudantes de 2.143 escolas em todo o Paraná estão tendo aulas diariamente, mantendo o ano letivo, sem nenhum prejuízo.
Em três meses de pandemia do coronavírus as escolas do Paraná foram fechadas. Neste período, a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte suspendeu os trabalhos presenciais e, em poucos dias, passou a oferecer o Aula Paraná, solução de aulas não presenciais para os 1,07 milhão de alunos da rede estadual.
O secretário da Educação, Renato Feder, afirma que além de ter sido rápida na busca de uma solução para a suspensão das aulas, a Secretaria conseguiu aliar educação e tecnologia e oferecer aos alunos um conteúdo de qualidade. “Hoje temos 100% dos professores acessando o Classroom e quase todos os alunos da rede participando das aulas online”, explica.
Desde o dia 6 de abril, menos de 20 dias após o Decreto que fechou as escolas, o Paraná desenvolveu e implementou 3 canais de TV aberta, um aplicativo que oferece internet gratuita aos alunos e professores, salas de aula virtuais com interação em tempo real, um canal do Youtube e atividades impressas para aqueles alunos que não possuem nem TV, nem acesso à internet.
ADESÃO - A adesão ao Aula Paraná por professores e alunos cresceu vertiginosamente em poucos dias após entrar no ar. Hoje, quase três meses desde o lançamento da solução de aula não presencial, já são mais de 930 mil downloads do aplicativo Aula Paraná e mais de 23 milhões de visualizações no Youtube. No Classroom os números também passam da barreira dos milhões: são 7,9 milhões de interações entre professores e alunos nas salas virtuais, 4 milhões de tarefas diárias feitas pelos estudantes na plataforma e 10 mil meetings por dia entre professores e alunos.
"Com a união dos cinco pilares garantimos a participação de 99% dos estudantes no Aula Paraná", destacou Feder. "Os professores são um show à parte. Todos os dias 100% também estão lá no Classroom, postando e interagindo com as suas turmas", afirmou.


Saiba mais sobre o trabalho do Governo do Estado em:
http:///www.facebook.com/governoparana e www.pr.gov.br
Aula Paraná se consolida e se torna modelo para o Brasil. Foto:SEED

Na quarentena: como montar o cronograma ideal para estudar em casa?

Ter um dia a dia mais organizado vai diminuir as chances de você procrastinar e deixar os estudos de lado...


Existem muitas maneiras de você manter os estudos em dia na sua casa: aulas a distância, lives, cursos online, muita leitura e até as redes sociais se tornaram grandes aliadas nesse momento de quarentena. A questão é que mesmo que tenha todas essas ferramentas ao seu alcance, se você não estabelecer uma rotina eficiente e compatível com as suas limitações, a desmotivação pode tomar espaço, a preguiça pode aparecer e procrastinação irá ditar seu ritmo de estudos.
Para isso não acontecer com você, conversamos com Bárbara Souza, psicóloga do Serviço de Atendimento Psicológico do Curso Anglo, e Luiz Otávio, coordenador do Colégio Poliedro São Paulo, e separamos algumas dicas para criar o cronograma ideal para quem precisa estudar em casa.

Não se esqueça que, sim, você está na sua casa – e durante uma pandemia

A recomendação é sempre buscar ao máximo dar continuidade à sua rotina de estudos mesmo no período da quarentena. Mas o fato de você estar na sua casa faz muita diferença e é necessário se adaptar ao ambiente. 
O primeiro passo, segundo Bárbara, é entender como será o dia a dia em casa, quais as novas demandas domésticas e como a convivência familiar vai demandar seu tempo e atenção.
Organizar os horários e planejar as atividades a serem feitas – tanto as ligadas aos estudos como os afazeres domésticos – aumenta a produtividade e reduz o alto risco de perder o ritmo de estudos e aprendizado.
Algo fundamental é entender o contexto no qual você está inserido. Estamos em meio a uma pandemia, está tudo bem se estiver abalado com isso. Não se cobre tanto. “Não perca de vista que todos podem se sentir mais preocupados consigo, com familiares e parentes também devido às questões ligadas à covid-19 e o estado emocional pode interferir na manutenção dos estudos”, diz a psicóloga.

A rotina anterior ainda é estratégica

Apesar das adaptações ao ambiente doméstico, das demandas extras provenientes da dinâmica familiar, de mais barulhos e interrupções, existem muitos detalhes importantes da sua antiga rotina de aulas presenciais que farão toda a diferença a partir de agora. “A recomendação é criar uma rotina de horários determinados para tudo, como a que tem nas atividades presenciais. Horário para acordar, tomar café da manhã, assistir às aulas, realizar intervalos, almoçar, estudar e descansar”, diz Luiz.
Ou seja, o estudante que tem realizado aulas a distância precisa definir o horário para assistir às aulas gravadas, acessar os materiais de apoio e resolver os exercícios. Em caso de aulas ao vivo, o ideal é acompanhar em tempo real, o que permite interagir com os professores e tirar dúvidas. 
Nessa situação, o suporte dos pais e responsáveis é fundamental para orientar e estimular a autonomia e o senso de responsabilidade para que os jovens se comprometam com os estudos.

Pausas são necessárias

Estudar é um processo que demanda energia, concentração e atenção, o que provoca cansaço. As pausas possibilitam um pequeno descanso que favorece a manutenção dos estudos por mais tempo de maneira mais atenta e concentrada.
Durante o período que estiver assistindo aulas online, busque organizar intervalos semelhantes aos que você tem na escola entre as aulas. Isso é importante para que mantenha um bom aproveitamento e melhore a absorção dos conteúdos, segundo Luiz. “Já quando estiver estudando, fazer pequenas pausas de 10 a 20 minutos após 1h30 de estudos, é fundamental para manter o rendimento e melhorar a fixação do que está sendo estudado”, completa o coordenador. 
Como durante a quarentena você passará muito tempo olhando diretamente para as telas (computador, tablet e celular), pausar implica também distanciar-se dessas ferramentas para descansar a vista.

Disciplinas

A recomendação dos especialistas é que você organize os conteúdos estudados de acordo com as aulas que teria durante a semana nas aulas presenciais. Dessa forma, nenhuma matéria será deixada de lado. 
Uma sugestão de Bárbara é planejar seus estudos dentro do tempo disponível de maneira compatível com seu método de estudo, por exemplo: fazer primeiramente uma leitura, exercícios básicos e resumos para compreender os conteúdos selecionados para aquele dia. Depois retorne a cada um deles aprofundando com exercícios mais complexos e exigentes. “Dessa forma, você entra em contato com o assunto duas vezes no seu dia e aumenta a absorção do conteúdo”. 
FONTE:https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/na-quarentena-como-montar-o-cronograma-ideal-para-estudar-em-casa/

Argentina suspende avaliação com notas em todas as escolas do país...

Os representantes da educação nas províncias argentinas decidiram, em comum acordo, suspender a avaliação dos alunos por meio de notas nestes primeiros quatro meses do ano letivo no país. 
A medida valerá para todas as escolas, de todos os níveis, e foi motivada pelas limitações impostas pelo novo coronavírus. 
A ideia, segundo reportado pelo Clarín, é que os estudantes não sejam atribuídas notas ,nem numéricas, nem em qualquer outra escala que implique uma "prova" de seu aprendizado,aos estudantes até que eles voltem às aulas presenciais.

22.abr.2020 - Em meio às limitações impostas pelo novo coronavírus, adolescente assiste aula à distância em Nápoles, na Itália - Salvatore Laporta/KONTROLAB/LightRocket via Getty Images

Em vez disso, as escolas devem fazer o que o governo chama de "avaliação formativa", registrando as interações dos alunos com os professores e os progressos individuais durante as aulas à distância, bem como a eficiência dessa nova modalidade de ensino. 
O novo sistema, ainda de acordo com o Clarín, já foi acordado entre as 24 jurisdições educacionais das províncias argentinas. 
Na próxima sexta-feira (15), o Conselho Federal de Educação do país estabelecerá um marco para elevar a medida a nível nacional. 
O Ministério da Educação argentino também quer estabelecer uma unidade pedagógica entre a primeira e a terceira série, impedindo que crianças nesta fase repitam de ano.
Uma polêmica resolução de 2012 já determinava essa unidade pedagógica entre o primeiro e o segundo grau. 

Volta às aulas 


Quanto à volta às aulas, o governo disse estar observando as iniciativas de países europeus, além da evolução da curva de contágios na Argentina. 
Por ora, a ideia é que as aulas presenciais não sejam retomadas até agosto, depois das férias, e de forma escalonada ,com metade dos alunos indo em um dia e a outra metade, em outro. 
As aulas, então, serão "mistas", combinando o aprendizado em sala com o que é feito em casa. 
A ideia é que os estudantes tenham acesso a 100% do conteúdo que teriam em condições normais e, ao mesmo tempo, usem menos o transporte público. 
Para que nenhum tema essencial seja perdido neste ano letivo, o governo pretende redistribuir os conteúdos e as metas de aprendizado em 2020, 2021 e, se preciso, 2022. 
Por este motivo, os únicos alunos que deverão ir à escola todos os dias são aqueles dos últimos anos do ensino fundamental e médio. 
Há ainda a possibilidade de que esses estudantes tenham aula em fevereiro, março e abril, com apenas uma "pausa" em janeiro (mês que também poderia servir às viagens de formatura). 
Desta forma, quem concluir o ensino médio poderá entrar no ensino superior sem maiores problemas, já que as aulas nas universidades, em sua maioria, só começam em abril.

FONTE:https://educacao.uol.com.br/noticias/2020/05/11/argentina-suspende-avaliacao-com-notas-em-todas-as-escolas-do-pais.htm

A pandemia do coronavírus pode mudar para sempre a educação

Desde a Segunda Guerra Mundial, nunca tantos países ao redor do mundo fecharam escolas e universidades ao mesmo tempo e pelo mesmo motivo. Para se ter uma ideia, no momento em que escrevo este texto, são 138 países com instituições educacionais fechadas, 1,37 bilhões de estudantes fora da escola (representando mais de 3 em cada 4 crianças e jovens em todo o mundo) e 60,2 milhões de professores que não estão lecionando em salas de aula. 
A pandemia de covid-19 forçou instituições educacionais em todo o mundo a utilizar repentinamente ferramentas tecnológicas disponíveis há muito tempo para criar conteúdo e experiências de aprendizado remoto para estudantes. Educadores de todas as áreas estão experimentando novas possibilidades de ensinar ― e isso é um grande avanço para um dos setores mais resistentes a mudanças e a adoção de novas tecnologias.
Aula online  (Foto: Damircudic via Getty Images)
Se até 2020 as salas de aula se pareciam com aquelas do começo do século XX, temos agora a possibilidade de mudar para sempre a noção que temos arraigada de que o aprendizado deve acontecer entre os muros de uma escola ou universidade, ampliando as possibilidades de novas experiências de aprendizagem.
Embora saibamos que o impacto da pandemia será abrangente, o que isso significa a longo prazo para a educação e a forma como nos preparamos para ter uma vida produtiva?
Aprender habilidades para a vida (e não para uma profissão).
De acordo com um relatório da Dell Technologies, 85% dos trabalhos em 2030 que a Geração Z e Alpha irão ocupar ainda não foram inventados. Qual a melhor maneira de se preparar para um futuro tão incerto?
No livre Range: Why Generalists Triumph in a specialized World (sem tradução para o português), o autor David Epstein traz como visão alternativa a crença de que pessoas que desde muito cedo se dedicam exaustivamente a melhorar em um tema ou habilidade específica podem ter uma desvantagem em relação àquelas que pulverizam seus interesses, práticas e estudos entre vários campos e temas. Num mundo complexo e imprevisível, ele defende que a capacidade de transitar entre vários domínios, transferindo conhecimento de um para o outro, pode ser a melhor maneira de solucionar problemas com os quais nunca nos deparamos.
Generalistas podem ser a solução para um futuro incerto. A pandemia nos ensinou, em poucos meses, o real valor de habilidades como criatividade, comunicação, colaboração, resolução de problemas complexos e adaptabilidade ― todas estas já apontadas há alguns anos como fundamentais para profissionais do futuro, e que agora se mostram fundamentais para a sociedade do presente.
A pandemia também nos ensina o significado de vivermos globalmente interconectados. Não existem mais questões e ações isoladas. O vírus desconhece as fronteiras que vemos nos mapas. Profissionais do futuro precisam ser capazes de entender essa inter-relação e pensar de forma sistêmica, buscando antecipar o impacto de suas ações em múltiplos níveis e contextos.
Para que isso seja possível, as escolas e universidades precisam urgentemente mudar o eixo da aprendizagem baseada em conteúdo e resolução de provas, com punição para quem dá as respostas erradas, para realmente ajudar estudantes a pensar por conta própria, desenvolvendo a capacidade de resolver problemas complexos e dando incentivos para aqueles que erram ao tentar ― afinal, esta é a melhor maneira de aprender.
Quando o mundo todo se torna uma escola
A experiência de estudar online em tempos de quarentena e afastamento social é extremamente atípica e não deve ser entendida como uma base para o que pode ser o futuro da educação. Neste momento, trocamos o confinamento da sala de aula pelo confinamento das nossas casas, aprendendo com os mesmos professores e formatos de aula, só que intermediados por uma tela.
O importante é notar que, aos poucos, nos damos conta de que o aprendizado pode ocorrer fora dos muros da escola ou da universidade, e isto é um grande avanço. Acredito que passados os primeiros meses de adaptação, no qual reproduzimos o mesmo modelo de educação em um contexto extremo, veremos uma explosão de novas soluções que busquem proporcionar jornadas de aprendizagem mais interessantes e integradas com o dia a dia das pessoas.
Além disso, há alguns anos empresas vêm reconsiderando o peso do diploma formal nos processos seletivos e promoções internas, valorizando cada vez mais as habilidades que a pessoa é capaz de demonstrar. Isso coloca na mão de cada profissional a possibilidade de escolher sua forma de aprender, diante de uma miríade de opções para todos os gostos e bolsos. Quando o mundo todo pode se tornar uma escola, temos a possibilidade de ressignificar o espaço da sala de aula.
Diante de um presente distópico, precisamos criar futuros utópicos
O momento que estamos vivendo muitas vezes parece ter saído de um livro de ficção científica. É neste gênero que autores criam cenários extremos, no limite entre fantasia e realidade, e nos deslocam para situações e cenários possíveis, mas pouco prováveis. Algumas vezes, esse lugar imaginário é dominado por opressão e privação, tornando-se uma distopia.
O acaso ou o destino nos colocou neste momento como sujeitos desta distopia, e cabe a nós encontrar uma forma de sair dela. Acredito que é o melhor momento para sermos utópicos e sonharmos o mundo que queremos construir a partir de agora.
Quando se trata de educação, um futuro utópico seria aquele em que todas as pessoas conseguem aprender de acordo com seu ritmo, reconhecendo desde cedo seus talentos e aptidões, com oportunidade de experimentar vários campos do conhecimento.
Neste futuro, não existe barreira geográfica ou social que impeça as pessoas de aprender, também não existe limitação de infraestrutura - todos dispõem dos mesmos aparatos tecnológicos e da mesma capacidade de conexão com o mundo. Além de acessar conteúdos nos mais variados formatos, inclusive em realidades imersivas e aumentadas, elas podem acessar diretamente milhões de tutores particulares, que podem ajudá-las quando tiverem dúvidas.
Quando elas se deparam com um projeto interessante, podem trabalhar colaborativamente com pessoas do mundo todo, e cada projeto é um estímulo à pesquisa e à experimentação. A barreira do idioma não existe, já que a tradução simultânea acontece em tempo real, em todos os formatos. As pessoas formam comunidades de aprendizagem por interesses comuns, incentivando e desafiando uns aos outros continuamente.
Não é preciso escolher uma profissão específica, nem sequer uma universidade, porque as pessoas fluem de acordo com seu repertório e seus interesses, que mudam constantemente. Quando chegam aos 17 ou 18 anos, já participaram de dezenas de projetos, todos certificados pela blockchain. Nesse futuro, as empresas contratam pessoas avaliando a capacidade de aprendizado e resolução de problemas, ou seja, do que elas podem aprender e não do que elas sabem naquele momento.
Essa história pode continuar de muitas formas. Outras pessoas criarão outros futuros, e esta é a intenção e o convite desta coluna. Hoje sabemos que depois de grandes crises globais, tivemos grandes invenções. O isolamento social vai passar, mas não podemos desperdiçar a oportunidade de mudar a educação para sempre.
FONTE:https://epocanegocios.globo.com/colunas/noticia/2020/04/pandemia-do-coronavirus-pode-mudar-para-sempre-educacao.html

Educação na pandemia: 'Pais não são professores', defende especialista...

Para a educadora e doutoranda em Educação e Contemporaneidade Mariana Caribé, os pais não podem assumir o papel de professor dos filhos.
Para aprofundar o assunto sobre o impacto das aulas remotas na aprendizagem neste momento de isolamento social, O CORREIO conversou com musicoterapeuta, educadora e doutoranda em Educação e Contemporaneidade Mariana Caribé. Na entrevista, a especialista convida a pensar - seja na esfera pessoal, seja no sentido político - sobre o legado que essa experiência deve deixar, principalmente na vida das crianças. Confira. 
A escola é um lugar, um prédio, um espaço físico?
A escola é um lugar sim, mas muito mais do que um espaço físico. É um lugar de encontro de afetos, encontros de relações, de encontro social, cultural. Então, isso está fazendo muita falta para as crianças. Para elas, a escola é muito mais do que o conteúdo, que também é importante, desde que esse conteúdo tenha um caráter formativo do indivíduo. Eu acho que a escola congrega essas duas coisas, mas ela é muito mais esse espaço do encontro, das possibilidades.
Considerando que há também essa dimensão simbólica, como você percebe as crianças neste momento em que a escola está nas telas e como acha que as famílias devem lidar com as reações individuais?
Como a escola é, também, esse espaço subjetivo, simbólico e afetivo, está sendo difícil, para as crianças, transpor tudo isso, conseguir, rapidamente, entender toda essa mudança e funcionar nesse novo modo de escola virtual, sem opção, sem escolha, neste momento. Então eu acho que isso é algo sobre o que cabe a gente refletir. Sugiro que as famílias olhem, escutem, cuidem das suas crianças, cada uma ao seu modo, respeitando o ritmo delas.
É importante respeitar a forma que elas podem lidar com isso agora, sem rigidez e sem excessos em relação à vida estudantil virtual e às tarefas de casa virtuais.
Muitas crianças estão tendo reações do tipo ‘eu não quero mais ficar aqui nessa aula, por que eu vejo a minha professora, meus colegas, mas eu tenho que assistir aula online, eu não posso conversar com eles’. O espaço do encontro humano está completamente comprometido. Há um encontro humano intermediado  pela tecnologia e é completamente diferente porque nós precisamos do contato físico, do tato, do cheiro, do olhar, do gesto, do movimento.
As crianças tem custado a entender isso. Algumas tem resistido bastante à mudança. É a criação de uma nova realidade para as crianças, que apesar de terem acesso aos jogos  virtuais, games, desenhos animados e filmes, veem uma inversão disso, agora: a vida de verdade passa a ser a vida virtual.
Olhando para o outro lado: como você avalia esse esforço de reinvenção das escolas, neste momento?
Há um esforço, mesmo, das escolas em se reinventar neste momento, mas eu acho que precisamos ter muito cuidado com isso. Em todos os segmentos, mas, especialmente, na educação infantil e no ensino fundamental. A gente tem que lembrar que a infância vai até os 12 anos e que as recomendações, inclusive, que temos sobre uso de telas, das organizações internacionais para as crianças é um tempo muito, muito, menor do que aquele ao qual elas estão expostas, agora.
Há questões sérias aí. Outra coisa que acho importante ressaltar é que os pais não são professores. Não são na atuação, não são na construção do vínculo, no afeto que as crianças têm. Então isso tem sido um outro entrave no processo. As crianças estão sentindo falta.
O tempo de contato com a professora tem sido muito curto, estou falando especialmente das crianças menores, da infância mesmo até os 12 anos, especialmente da educação infantil e do ensino fundamental, os anos iniciais. Não tem como haver essa substituição.
Não se deve nem tentar isso. Nem inclusive as novas recomendações apontam para isso. Pai e mãe são pai e mãe. A professora está lá, ocupando aquele lugar de afeto que a criança construiu, de vínculo que a criança construiu e por conta disso se dá o processo de aprendizagem.
Há também a questão do protagonismo da criança. Com essa mudança, esse protagonismo ficou ainda mais reduzido do que era. As crianças estão mais silenciadas, porque não há como, não dá tempo. Está assistindo a aula online, mas não pode falar no chat.


Aí o tempo de pergunta a professora é muito curto. Então, isso é um ponto a se pensar também: o quanto essas telas têm silenciado a fala das crianças, no sentido de que elas estão ali só para (na maior parte do tempo) escutar o que a professora tem a dizer, executar as tarefas que estão sendo enviadas ou assistir aos vídeos que estão sendo enviados. Em alguns poucos momentos elas podem se tornar protagonistas dessa cena.
 
Quais são as marcas que, na sua opinião, as crianças levarão desse período?
Acho que as crianças estão sofrendo muitos impactos e que esse processo da pandemia deixará marcas para sempre. Deixará em nós adultos e nas crianças. Desejo que essas marcas sofridas possam ser as menores. Que desse processo se extraiam outras marcas.  
Isso é o que eu desejo. Marcas de solidariedade, de reinvenção, de criatividade, de possibilidade. Mas, não posso deixar de dizer que elas terão as marcas do sofrimento, da solidão, da ansiedade, da angústia, muitas vezes, silenciosa, quando elas não conseguem transformar isso em palavras, elaborar.
Elas vivem a angústia, a ansiedade no silêncio. Medo. Medo do não saber o que vai acontecer, dessa nova relação com o tempo, de estar sempre no “quando será”. O que eu acho interessante não é acolher esses medos, conversar sobre esses medos, essas angústias, essas ansiedades com as crianças para que elas possam ir decantando esses sentimentos e possam ir elaborando isso da melhor forma.
Quem é Mariana Caribé é musicoterapeuta, educadora e doutoranda em Educação e Contemporaneidade.

FONTE:https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/educacao-na-pandemia-pais-nao-sao-professores-defende-especialista/